O exorcismo parte da ideia de que
existem demônios, mas os demônios não existem. Esses a quem a Igreja chama
demônios são Espíritos inferiores e que chegam às vezes a praticar muito mal,
mas são seres perfectíveis que podem ser demovidos de seus intentos negativos
por força da persuasão e da prece.
Satanás ou o diabo – que segundo a
crença popular seria o chefe dos demônios – é, na realidade, um ser alegórico
que resume em si todas as paixões más dos Espíritos imperfeitos. Seus chifres e
a cauda são o emblema da bestialidade, da brutalidade e das paixões animais.
Nas obsessões e na possessão, a causa é
externa e tem-se necessidade de libertar o doente de um inimigo invisível, não
por meio de remédios, mas por uma força moral superior à dele. Ambos, aquele
que perturba e o indivíduo perturbado pelo processo obsessivo, precisam de
amparo e, por isso, o objetivo da desobsessão é atender os dois, para que se
reconciliem e voltem a ter uma convivência pacífica, como filhos de Deus que
são. Os passes magnéticos, a doutrinação e os esforços do obsidiado por se
modificar moralmente são os recursos espíritas, conforme Kardec preceitua em
suas obras, sobretudo em O Evangelho segundo Espiritismo, cap. 28, itens
81 a 84.
Sobre o assunto escreveu o Codificador
do Espiritismo:
“A cura das obsessões graves requer
muita paciência, perseverança e devotamento. Exige também tato e habilidade, a
fim de encaminhar para o bem Espíritos muitas vezes perversos, endurecidos e
astuciosos, porquanto há-os rebeldes ao extremo. Na maioria dos casos, temos de
nos guiar pelas circunstâncias. Qualquer que seja, porém, o caráter do
Espírito, nada se obtém, é isto um fato incontestável, pelo constrangimento ou
pela ameaça.
Toda influência reside no ascendente
moral. Outra verdade igualmente comprovada pela experiência tanto quanto pela
lógica, é a completa ineficácia dos exorcismos, fórmulas, palavras
sacramentais, amuletos, talismãs, práticas exteriores, ou quaisquer sinais materiais.
A obsessão muito prolongada
pode ocasionar desordens patológicas e reclama, por vezes, tratamento
simultâneo ou consecutivo, quer magnético, quer médico, para restabelecer a
saúde do organismo. Destruída a causa, resta combater os efeitos.” (Obra
citada, cap. 28, item 84, “Observação”.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário